No Hino homérico a
Deméter encontramos as primeiras referências aos mistérios de Elêusis.
Quais os factos que conduziram à instituição dos Mistérios?
Plutão, deus dos infernos, raptou Perséfone, quando ela colhia flores com as
ninfas suas companheiras. Sua mãe, Deméter, andou errante pela terra durante
nove dias, sem comer em busca da sua filha. Ao décimo dia Hélios, que tudo vê,
revelou-lhe o sucedido. Deméter irada afasta-se dos Olímpicos e, disfarçada de
velha, chega a Elêusis. Convidada pelas filhas do rei, aceita a sua
hospitalidade, e torna-se ama do filho do monarca.
Mas, uma noite, a rainha
surpreende-a no acto de segurar a criança sobre o fogo para o tornar imortal. A
deusa, irada, revela a sua identidade e exige que lhe construam um templo. Logo
que este se completa, encerra-se nele. Então, os campos deixam de produzir, e
Zeus vê-se na obrigação de chamar Perséfone. Mas o marido tinha tido o cuidado
de lhe dar a comer um grão de romã, por isso, o regresso não podia ser
definitivo.
Só poderia passar dois terços do ano com a mãe (O Inverno
correspondia à estadia de Perséfone no reino de Plutão). Deméter ensina então
aos reis de Elêusis a agricultura e os mistérios. A natureza do culto é,
portanto, nitidamente agrária. Destina-se a propiciar a fertilidade, nas
personas das Deusas Deméter e sua filha Perséfone.
Na Grécia antiga, Deméter era responsável por todas as formas de
reprodução da vida, mas principalmente da vida vegetal, o que lhe rendeu o
título de “Senhora das Plantas”, “A Verde”, “A que atrai o fruto” e “A que atrai
as estações”. As pessoas a honravam ao usar guirlandas de flores enquanto
marchavam pelas ruas, geralmente descalças. Acreditava-se que pisar na terra
descalço aumentava a comunicação entre os humanos e a Deusa.
O propósito e o significado dos Mistérios eram a iniciação a uma visão. “Eleusis”, significa “o lugar da feliz chegada”, de onde os campos Elíseos tomam seu nome. O termo “Mistérios” provém da palavra “muein”, que significa “fechar” tanto os olhos como a boca. Faz referência ao segredo que rodeia as cerimónias e a conformidade requerida do iniciado, ou seja, se exige de ele ou ela permita que se faça algo: daí se deduz o significado de “iniciar”. A culminação da cerimónia consistia na exposição de objectos sagrados no santuário interno às mãos do sumo sacerdote ou hierofante (hiera phainon), “o que faz que os objectos sagrados apareçam”.
Num dia de Saturno à segunda hora de Marte
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