segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Carta da Semana - A estrela ou o Raio de Esperança :: Card of the Week - The star or the Beam of Hope

Antes de mais... Muito Grata!
Por tudo! Pois mesmo o cansaço extremo da semana que passou trouxe consigo uma abundância imensa... (da qual, confesso, me desabituei nos últimos anos! - Que ingrata que eu sou!!).
E esta semana, para apaziguar, curar, limpar, temos A ESTRELA!
Por razões especiais adoro esta Carta.
Olhar para ela, nas suas mais variadas versões, é como um exercício meditativo que apazigua as minhas agitadas emoções.
Esta é, por excelência, a carta da Integração. Continuamos, portanto, numa frequência Alquímica (diria eu), pois a Estrela fala-nos da ampliação da nossa consciência enquanto seres;
Dizem os mestres Alquímicos: Céu em cima/ Céu em baixo/ Estrelas em cima/ Estrelas em baixo/ Tudo o que está em cima/ Está também em baixo,/ Entende isto/ E rejubila-te!

Após a tempestade vem a Paz. Invariavelmente, depois de experiências de grande sofrimento, a nossa consciência torna-se mais ampla. Quando o sofrimento é, de facto, agudo entendemos (com todas as células do nosso corpo) que só através da ferida aberta o insignificante ego satisfeito será espicaçado o suficiente para seguir em frente. Já não nos sentiremos "os proscritos"...Portanto, faz sentido que depois do Raio dos Deuses Loucos (A Torre - Arcano XVI) haja no Caminho uma espécie de serenidade minimalista que se instala em nós. Sentimos e valorizamos, portanto, as coisas de forma diferente (Pudera!).

Diz C. G. Jung no seu Psicologia e Religião que, precisamente depois destas experiências de grande sofrimento já não nos vemos (...) como um ponto isolado na periferia, mas como o Um no centro. Só a consciência subjectiva se isola; quando relacionada com o centro, integra-se na totalidade e encontra, no meio do sofrimento, um lugar tranquilo (...)". Verdade, não é? É como se estivéssemos no olho do furacão.


Dizia, ainda, Meister Eckhart que: "O olho com o qual vejo Deus é o olho com o qual Ele me vê". Se as estrelas são os olhos do Céu, através dos quais os Deuses nos vêem, então deixemo-nos observar, observando. Em paz!

Num de Sol à última hora de Marte

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First things first ...  I have to express my deepest Gratitude!!
For even the extreme fatigue of the past week has brought a tremendous abundance to my life... ( And I have to admit, I haven't been as graatful as I should for the past years.... "you ungrateful girl" !!) .And this week, to heal , cleanse and purify we have THE STAR! And I sooooo Love this Card!
This is, by definition, the Card of Integration. We continue , therefore, the alchemical Path because if one thing, the Star tells us about the expansion of our consciousness as human beings;
The Alchemical Masters say : Heaven above / heaven below / Stars above / Stars below / All that is above / All that is below,/ if you do Understand this / You will rejoice!

Usually, after the storm comes the rainbow; after experiences of great suffering, our consciousness becomes wider . When suffering is indeed  understood (with our body cells ), when our insignificant ego is satisfied, that is the exact point where we are ready to move on. We no longer feel as" outcasts " ... So it makes sense that after the "Crazy God's Ray"( The Tower - Arcana XVI ) we will feel, slowly, sort of a minimalist peace invading us.

C. G. Jung wrote on his "Psychology and Religion" that after these experiences of great suffering we no longer see ourselves "( ... ) as a single point on the periphery, but as the one in the center . Only the subjective consciousness is isolated; when related to the center, we feel as part of the whole and in the midst of this suffering  there is a quiet place growing ( ... ) ".
Truth , right? As if we were in the eye of the hurricane.

Meister Eckhart said that:“The eye through which I see God is the same eye through which God sees me; my eye and God's eye are one eye, one seeing, one knowing, one love" .
If the stars are the "heaven's eyes", through which the gods see us, let us, then, be observed, observing . In Peace!

                On the last hour of Mars, on a day of the Sun

sábado, 28 de setembro de 2013

E afinal, o que é isso de Enamorados? :: So now, seriously, what the blip* is the Lovers Arcana?

Ora sim, saiu "Os Enamorados" para a semana que passou, e como é óbvio vamos fazer a análise da coisa, antes de entrarmos no novo ciclo.

O número seis encontra-se ligado à lei das analogias e das correspondências (o que está em cima é igual ao que está em baixo) (a sério?!), sendo representado pelo nosso amigo hexágono, a.k.a., Estrela de Salomão.

Este Arcano, mais do que falar de escolhas, fala-nos de equilíbrio. Estar num "nós" implica nunca esquecer o "eu". E estar em equilíbrio é tão simples quanto saber se as situações em que nos encontramos vibram na nossa frequência ou não... Essencialmente saber se vibram de acordo com o nosso coração íntimo. Tomamos as decisões certas? Escolhemos as pessoas certas? Trabalhamos nos "empregos" certos? Estaremos nós a viver a nossa vida de verdade ou estaremos apenas a fingir viver vidas que nos foram impostas por outros?

Se esta semana ensinou alguma coisa foi a unificar a dualidade mente coração, corpo e alma.

A lição foi aprendida? Amanhã veremos ;)

Num dia de Saturno à última hora de Saturno (para haver coerência na coisa :))

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Ok, so this was "The Lovers" Arcana week, and now we will try to analyse this before we enter the new cycle.

The number six is related with the law of analogies and correspondences represented by our friend hexagon, a.k.a., Star of Solomon. 

This Arcana teaches us about balance. If we want to be part of an "us", we can never forget to be an individual. And being in balance is as simple as being aware of the vibration of the situations we are in and our most inner Self ... Essentially, being aware of the vibration of our inner heart.  
Are we taking the right decisions? Do we chose the right people? Do we love our jobs? Are we living our lives for real or are we just pretending to live the lives we were imposed by others?

If anything, this week taught us to unify the duality we live in: heart-mind, body-soul.
 

Was the lesson learned? Probably not, but tomorrow it's a another day ;)

One the last hour of Saturn on a Saturn day (we have to be coherent :))

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Remédios Caseiros e Ervas Mágicas :: Home made remedies and Magical Herbs


Para mim, nada mais precioso existe do que tratados antigos, receitas ancestrais de mezinhas, cataplasmas, chás e remédios caseiros (que me acompanharam desde criança) para curar qualquer tipo de maleita.
Este livro é uma preciosidade, só por si, e como estamos a entrar na época dos resfriados aqui fica a dica, M-E-D-I-E-V-A-L, sobre como curá-los.

Podia aconselhar-vos a usar tintura de equinácia, pois sim, mas este é muito mais giro :)

"PARA EL RESFRIADO - Para la persona que esté resfriada: toma manzanilla en flor y, si no puedes conseguirla, toma la de que aún no ha florecido, con ajenjo y ponlo dentro de un trapo de lino. Y manténlo en la nariz, y curarás. Probatum est".

Num dia de Mercúrio à 2ª hora de Marte. 


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For me, there is nothing more precious than ancient treaties, ancestral recipes for potions, poultices, teas and home remedies (known by me since childhood) to cure any kind of ailment. 
This book is a treasure itself, and as we enter the season of colds here is a M-E-D-I-E-V-A-L tip on how to cure them.
I could advise you to use tincture of echinacea to avoid the coldsbut this is so much funnier :)

"PARA EL RESFRIADO - Para la persona que esté resfriada: toma manzanilla en flor y, si no puedes conseguirla, toma la de que aún no ha florecido, con ajenjo y ponlo dentro de un trapo de lino. Y manténlo en la nariz, y curarás. Probatum est".

At the 2nd hour of Mars on a Mercury day

domingo, 22 de setembro de 2013

Carta da Semana - Os enamorados, olé! :: Card of the week - The Lovers, ole!

A semana que passou foi "A" semana!!
Como dizer isto em Português que toda a gente entenda...?
Se no Domingo passado me coloquei a questão de como me deveria posicionar perante o Mundo (e confesso que uma das minhas questões era precisamente a de saber se deveria fechar-me d'O Mundo ou entrar n'O Mundo  - pois o Arcano tem estas duas facetas), no final, o Caminho trilhou-me a mim e eu deixei a coisa acontecer.

O que é que isto significa?
Que numa só semana houve Yoga, Xamanismo, houve Alquimia, Cabala e Espagíria; houve Paracelso, Varuna, Fludd e Uriel; Saturnos e Martes "porcos-espinhos", Pentagramas e cerimónias Xamânicas, houve Padmasana, e Trikonasana, houve aulas, encontros, palestras e convívios; houve partilha de ensinamento, aquisição experimental de conhecimento; houve o Museu do Oriente e a Biblioteca do Convento de Mafra; A Morte (simbólica, pois claro) de uma Vida passada e a expressão de estar pronta para o que vem aí.

Se eu pedi (a mim e ao Universo) durante 15 anos sinais, ensinamentos, evolução, pessoas e "mestres", nesta semana, numa bandeja de prata, foi-me tudo concedido de enxurrada...

Estes últimos meses têm sido de pura fertilidade. Física, psíquica e emocional!
Enquanto alimento o meu filho físico, que tem agora 5 meses, ao mesmo tempo alimento-me a mim ao mais alto nível espiritual. Mais do que nunca.

É uma espécie de vulcão (dizia uma amiga) que surgiu depois de um parto físico.
E meus amigos, é absolutamente avassalador!!


A próxima semana é de Enamorados.
Esta claro, com tudo a acontecer ao mesmo tempo, terei de aprender a gerir (sabiamente) o meu tempo e energia!

Vamos lá a ver como é que corre!
Off and out.

Num dia de sol à última hora de Marte
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Last week was "THE" week!

How can I put this in to words?

Last Sunday I was wondering on how should I behave before the World (and I confess that one of my issues was precisely whether I should close myself of to The World or if I just should dive in to it - the Arcane can be lived both ways), but in the end, the path came to me and I just let it happen.

 What does this mean?

That in one sole week there was Yoga, Shamanism, there was Alchemy, Kabbalah and Spagyric; There was Paracelsus, Varuna, Fludd and Uriel; Saturns and crazy Mars, there were Pentagrams and Shamanic ceremonies, there was Padmasana and Trikonasana, there were classes, meetings, lectures and gatherings; there was sharing of teachings, acquiring experimental knowledge, there was the Oriental Museum of Lisbon and Library of the Convent of Mafra; Death (symbolic, of course) of a past life and resurrection for a new one.

I had been asking ( to me and to the Universe) for the past 15 years, for signs, lessons, developments, people and "masters", this week, on a silver platter, I was given all these and much more...
These past few months have been of pure fertility. Physical, mental and emotional!

While physically feeding my son, who is now five months, I also nurture myself at the highest spiritual level. More than ever.

It is a kind of volcano (as friend told me) that emerged after a physical delivery.

And my friends, is absolutely overwhelming!

The next week will be ruled by the Arcane VI - The Lovers. 

With everything happening so fast and at the same time, I  surely will have to learn to manage (wisely) my time and energy! 
Let's see how that works out!

Off and Out.


On the last hour of Mars on a day of the Sun 

sábado, 21 de setembro de 2013

De Ibn-Arabî, seu Mestre Abu Ya’far al’Uryanî (de Loulé) e a gata preta


Não será segredo, a esta altura do campeonato, que moi-même tem um carinho muito especial pelos Irmãos Sufis!

Além de os estudar no Mestrado de História e Cultura das Religiões, tento aplicar no dia-a-dia os seus ensinamentos, apreciar as suas maravilhosas histórias, deliciar-me com a sua magia...

Nas minhas pesquisas científicas sobre Ibn'Arabî (personagem que muito estimo), lendo Asin Palacios e escavando pela internet, encontrei este maravilhoso texto e passo a sintetizá-lo, com os créditos devidos do autor!


Al’Uryanî, um mestre português de Ibn ‘Arabî

Ibn ‘Arabî, um dos maiores sufis de todos os tempos, nascido em Múrcia no século XII, teve como primeiro mestre Abu Ya’far al’Uryanî [ou Uryabî] de Loulé. 
Este grande mestre português influenciou profundamente Ibn ‘Arabî; um dos aspectos em que o marcou foi na prática do dhikr Allah.
Ibn ‘Arabî descreve assim o seu primeiro encontro:
De entre todos os meus mestres, o primeiro a quem encontrei no caminho de Deus foi Abu Ya’far al’Uryanî. Chegou a Sevilha, onde vivíamos, quando eu começava a iniciar-me no conhecimento deste sublime método de perfeição espiritual, e fui um dos que se apressaram a aproximar-se dele. Fui, pois, visitá-lo e deparei com um homem completamente entregue à prática da oração mental.” 

Mais à frente, o sufi de Múrcia conta que "este mestre era um camponês iletrado que não sabia escrever nem contar; mas quando falava sobre a ciência da unificação, só nos restava ouvi-lo. Apenas com a intenção, fixava as ideias como se as tivesse consignado por escrito, e com a sua palavra punha a descoberto a realidade dos seres. Nunca o verias senão a praticar a oração mental, previamente purificado com a ablução ritual e orientado em direcção ao templo da Ka’aba".  Al’Uryanî era, portanto, "um homem de muita meditação e sempre pleno de alegria em todos os estados da sua relação espiritual com Deus".

Ibn ‘Arabî conta, com muito carinho, a seguinte história: havia um mestre que tinha uma gata preta em que ninguém conseguia sequer tocar, por ser muito selvagem. Dizia o mestre, dono da dita gata, que Deus lhe ofertara a dita gata "como um meio de distinguir os amigos de Deus". 
Com efeito, só a estes a gata se mostrava afável. Um dia, al’Uryanî entrou em casa deste mestre e: “a gata estava escondida no último quarto da casa; olhou-o antes que ele se sentasse, e enquanto o mestre lhe dizia: «Senta-te», deu a gata um salto e, estirando-se no peito de al’Uryanî , abriu as patas dianteiras, abraçou-o e começou a passar e repassar a sua cabeça nas barbas de al’Uryanî.” 

E assim ficou a até que al’Uryanî se levantou para sair. Contou depois o mestre, emocionado, que nunca a gata tivera tal comportamento com mais ninguém. 

Deliciosa esta história, não é?


Num dia de Saturno à primeira hora de Saturno




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Do Alentejo e das suas ervas mágicas # 1 – O Hipericão, a.k.a. Hipericum Perforatum



É claro que com toda a herança genética que tenho, e que vem do Alentejo, só podia dar nisto.
O gosto pelas ervas, secas ou frescas, a curiosidade pelos processos de apanhar o açafão antes do sol raiar, colher o tomilho, secar a tília, preparar a cidreira, embalar o poejo (Oh meu Deus, o que eu gosto de poejo!!)…  foi algo que, inconscientemente, me ficou desde a mais tenra idade.


A minha alma vem, portanto, do campo. Dos semeadores de trigo e cevada, dos plantadores, dos que colhem debaixo do sol escaldante o cereal dos grandes latifundiários a troco de quase nada (alguns litros de azeite e farinha, e that’s it), de calceteiros e ceifeiras, de mondadores que obedecem a capatazes … Das gentes que sentiam as mudanças das estações, o poder das tempestades, os cheiros do Estio, os ciclos da Natureza, as subtilezas das mudanças de vento, etc, etc, etc.

A ideia de que TUDO na Natureza se aproveita [apesar de para mim na adolescência tal ideia não ter feito nenhum sentido], hoje, com maior e mais ampla consciência, completa-me. Agora entendo as minhas raízes e valorizo-as como se nada mais precioso houvesse à face da terra.

Por isso, e por tantas outras razões que à medida que o blog for crescendo explicarei, inicio esta rúbrica. Das ervas!

E começo por falar no Hipericão, especialmente porque (ainda) é tempo dele. Mas povo, atenção, não confundir o Hipericão com o Hipericão do Gerês!
O regente Planetar do Hipericão é o Sol, sendo o seu elemento (obviamente) o fogo, e já vamos perceber melhor porquê.

O seu nome científico que referimos antes [ hipericum ] terá origem no grego hyperikon (hyper – sobre; eikon: imagem), referindo-se à crença antiga de que o odor desta planta seria devastador para os espíritos maléficos. Consequentemente, na Idade Média a mesma planta seria chamada, em latim de, Herba Demonis Fuga… não é necessário tradução, certo?

Claro que nesta época em que se quis dizimar o culto pagão da Terra e arredores, [em que qualquer pessoa que conhecesse propriedades de ervas e afins passou a ser rotulada de “bruxo, ou bruxa”], existem registos de que a esses mesmo “bruxos” lhe enchiam a boca com esta planta para os forçar à confissão… Não é imagem muito agradável, mas once again, a raça humana tem destas subtilezas.


Este Hipericão, conhecido também como Erva de São João, é um arbusto caducifólio que existe em quase toda a Europa. A sua floração ocorre entre Abril e Outubro, com particular evidência na altura do Solstício de Verão (onde costumava ser usada para as suas fogueiras para afugentar os espíritos maléficos). Precisamente por esta razão (e pela cor das suas folhas, que são de um profundo amarelo) o Hipericão foi sempre associado ao culto do Sol e à fertilidade!
O seu nome aparece associado a S. João porque… precisamente, costuma florescer perto do dia deste Santo, e se espremermos as flores, delas sairá um sumo avermelhado – o sangue de S. João – com as consequentes propriedades mágicas a ele associadas.
Em termos medicinais desde sempre que esta preciosa erva é conhecida pelas suas potentes propriedades de combate à ansiedade e depressão ligeira, parasitas intestinais e para tratamento de feridas.
'Bora apanhar ainda o hipericão que conseguirmos nos campos?

[ATENÇÃO: Grávidas e afins, meninas com melasma meninos com sensibilidade ao sol não devem tomar!]

Na última hora de Lua num dia de Marte

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Carta da semana - o Mundo!! Bora lá dançar?

Por razões puramente logísticas a carta da semana saiu hoje e não ontem. O Universo tem a sua própria lógica, assim gosto eu de pensar, e, portanto, sem medos, cá vai, não num dia de Sol, mas num dia de Lua.
Se na semana passada aprendemos a Alquimizar o que são as "boas" e as "menos boas" emoções (sim, porque desengane-se quem pensa que isto da Temperança são só batatinhas doces!), esta semana encerramos um ciclo (claramente - nem que fosse só pelo fim das férias).
Esta dança representada pelo Arcano XXI é como que a coroação do nosso herói.

Ele domina (pela posse das suas duas varas, Mago - I e Sacerdotiza - II) o material e o imaterial, cumpre-se a si mesmo, e dança (numa dança quase aparente) celebrando a harmonia de todos os elementos.
Pensamos bem quando chegamos à conclusão de que tudo no universo se move, a Terra à volta do Sol, o Sol dentro da galáxia, as galáxias em
grupos, seguindo as suas órbitas...
 Não existe um "centro", um lugar onde possamos dizer, "aqui tudo começou, aqui tudo pára" (quase como no simbolismo do mantra "Om").

No entanto, o centro existe, quanto mais não seja, no nosso centro, pois, numa dança, o dançarino não se move em torno de um ponto arbitrário no espaço; pelo contrário, a dança encerra seu próprio sentido de unidade focalizado em volta de um centro constantemente em movimento, constantemente sereno. Nada e tudo ao mesmo tempo.

A coroa oval sugere o número 0, como todo o seu simbolismo. Sugere também o ovo cósmico, o arquétipo da emergência; todas as coisas existem em potencial e todos os potenciais são realizados. O eu está em toda a parte, em todas as coisas -  Tat tvam asi  como já antes tinhamos dito.
Relembremos ainda o senhor Shiva, o Senhor da Dança Cósmica. Ele também dança com os
braços estendidos, com um pé para baixo e o outro levantado, a cabeça equilibrada e a expressão
calma. O pé direito de ambas as figuras está "plantado" no mundo físico, ao passo que a perna
esquerda levantada simboliza a libertação da alma. No momento em que nos tornamos mais
unidos à vida, percebemos a nossa liberdade. O rosto não está nem triste nem alegre, mas
tranquilo, livre no seu vazio. Os braços estão abertos a todas as experiências.

Vamos então ver o que é que o Universo nos reserva para esta semana!!

Num dia de Lua, à primeira hora de Marte

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

De Sextas-Feiras Treze...Bu-hu-hu-hu-hu-uuuuuuuuuuuuuu

Bruzinho que é bruxinho, ou Fada que se preze, tem sempre algo a dizer sobre as Sextas-Feiras 13. Como por aqui é a primeira vez que acontece, cabe-nos reflectir sobre o assunto :)

Na nossa (leia-se, Ocidental) Tradição, a Sexta-Feira 13 é associada ao "azar".
Como sempre, existem várias lendas e várias histórias que podem explicar esta carga para a Sexta-Feira 13. Passamos a falar de algumas, focando-nos, principalmente, nas Lendas Nórdicas.

Terá havido no Valhalla - a dita morada celestial das divindades -, um banquete para 12 convidados.
Loki, espírito do mal e da discórdia (há sempre um espírito malandro que só gosta é de arranjar chatices e no final rir-se à conta do pagode), apareceu sem ser chamado e armou o chamado, em Português de Portugal, regabofe. No meio da confusão o bom do Loki matou "só" o "eleito" de entre os Deuses, Balder.
Daí a razão (ainda hoje) de se acreditar que ter 13 pessoas para jantar não era lá muito boa ideia!

Por outro lado, fala-se de uma outra deusa (no paganismo Nórdico, portanto), a do amor e da beleza, de seu nome Frigga, [qualquer semelhança com as palavras friadagr e friday, "sexta-feira" em escandinavo e inglês, não é pura coincidência]. Quando as tribos nórdicas se "converteram"ao cristianismo (naqueles processos que são sempre feitos de "livre espontânea vontade", como ensina a HIstória), a sua figura foi associada a práticas do Demo (ejejeeej), Ela terá sido reputada e repudiada por ser "bruxa" e exilada no alto de uma montanha.
Para se vingar, Frigga passou a reunir-se todas as sextas-feiras com outras 11 feiticeiras, mais o próprio do Satanás (Uhhhhhhhhh), num total de 13 participantes, para rogar pragas sobre a Humanidade.



Tenho as minhas mais sérias dúvidas que alguém com este tipo de representação fosse mesmo dedicar-se à Arte de maldizer a Humanidade... mas o Catolicismo (e outros "ismos" afins que adoram proclamar que o seu Deus é mais e melhor do que o dos outros) como se diz, has it's own ways... Ainda um dia aqui falaremos sobre este tema...

Claro está que, continuando a história, da Escandinávia a superstição espalhou-se por toda a Europa.
E hoje, de cada vez que este número aparece associado a um dia de Vénus, a malta treme.
Haverá razões para isso?
Não esqueçamos que Sexta-Feira é dia de Vénus... how bad can it be?

Como brinde deixo aqui algumas fotos de quem se atreve a desafiar a história da sexta-feira treze :)

Num dia de Vénus à última hora de Sol

Tristão e Isolda, ou o Outono Dourado

 Tristão e Isolda

Sobre o mar de Setembro velado de bruma
O sol velado desce
Impregnando de oiro a espuma
Onde a mais vasta aventura floresce.

Tristão e Isolda que eu sempre vi passar
Num fundo de horizontes marítimos
Trespassados como o mar
Pela fatalidade fantástica dos ritmos
Caminham na agonia desta tarde
Onde uma ânsia irmã da sua arde.

Tristão e Isolda que como o Outono,
Rolando de abandono em abandono,
Traziam em si suspensa
Indizivelmente a presença
Extasiada da morte.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Num dia de Vénus à primeira hora de Lua

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Oh mãe o que é a Alquimia?



Ora pois que se esta semana é dedicada à Alquimia vamos lá tentar perceber que raio de palavrão é este!

Para falar de Alquimia, poderíamos começar por citar nomes (muitos), pomposos e estratosféricos, contudo, se a Alquimia é o Caminho para a Simplicidade ficamo-nos com dois nomes fundamentais nesta matéria e, claro, Portugueses.
José Medeiros é uma espécie de autoridade no assunto e dos seus livros tenho retirado preciosos ensinamentos…
No seu “Manual de Espagíria”  refere que um dos princípios fundamentais da Alquimia diz que é a vida que cria a matéria e, através da sua evolução, as energias da vida manifestadas pelas energias astrológicas e regidas pelas suas próprias leis; são estas leis que permitem agir sobre a matéria. Portanto, a Alquimia será o estudo da química e da vida, a Astrologia será o estudo da astronomia e da vida e a Cabala será o estudo da física e da vida.

Um pouco mais atrás, e para Fernando Pessoa (esse grande maluco!), a colaboração na experiência alquímica implica, em todos quantos colaboram, o seguinte estado de espírito: a intenção preocupada e tanto quanto possível firme de que a experiência dê resultado; a colocação do espírito em estado de receptividade abstracta, para que o resultado, a dar-se, não encontre obstáculos para se manifestar no espírito; e a abstenção completa de esperar resultados materiais, sejam lucros directos ou benefícios externos de qualquer espécie do resultado das experiências.
… Tampouco pode esperar que o resultado destas experiências, em vez de beneficiar o espírito, o beneficie, por exemplo, na sua vida social (como o acto de magia pode fazer).

Ora o que é que se pode daqui retirar?

 Numa primeira e levíssima abordagem sobre este assunto diremos apenas que a Alquimia, o trabalho para conseguir chegar à Pedra Filosofal é um processo externo, sim, implica “fazer” algo, contudo o seu resultado é interno, o “apurar” do ser, o aperfeiçoar do espírito...

Na verdade, para mim, é um pouco parecido com o Karma-Yoga de que se fala na Bhagavad-Gita,  "Canção do Senhor". Fazer sem olhar aos frutos da acção, fazer sem QUERER os “frutos” da acção… 

E, no fundo, concluir que (sempre na lógica da transversalidade da “religião” no seu sentido mais profundo), a afamada Guerra Santa (Jihad) não é mais do que este Caminho que tem de ser feito, mas dentro de nós; 

 Várias são as Vias para a Obra!

[Temos aqui, portanto, pano para mangas (ou seja, temas que davam para um blog inteiro), mas aos poucos contamos ir levantando o Véu].


            Num dia de Marte, à primeira hora de Marte


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