Nietzsche, o cavalo e Milan Kundera :: Nietzsche, the horse and Milan Kundera

Em "re"leituras importantes, houve um parágrafo que se-me agrafou à pele (e ao coração) e não me tem deixado dormir durante os últimos meses.
Relembrei o episódio de Nitzsche, que abraça o cavalo, pela maravilhosa narrativa de Milan Kundera (by the way, quando crescer quero escrever como Kundera!).

Citando "A insustentável leveza do Ser":
"(...) Ainda tenho nos olhos a imagem de Tereza sentada num tronco, a afagar a cabeça de Karenine e a meditar no fracasso da humanidade. Ao mesmo tempo, aparece-me outra imagem: a de Nitzsche a sair de um hotel de Turim. Vê um cocheiro a vergastar um cavalo. Chega-se ao pé do cavalo e, sob o olhar do cocheiro, abraça-se à sua cabeça e desata a chorar. A cena passava-se em 1889 e Nitzsche, também ele, já se encontrava muito longe dos homens. Ou, por outras palavras, foi precisamente nesse momento que a sua doença mental se declarou. Mas, na minha opinião, é justamente isso que reveste o seu gesto de um profundo significado. Nitzsche foi pedir perdão por Descartes ao cavalo. A sua loucura (e portanto o seu divórcio da humanidade) começa no instante em que se põe a chorar abraçado ao cavalo. E é desse Nitszche que eu gosto, tal como gosto de Tereza que tem ao colo a cabeça de um cão mortalmente doente e que a afaga. Ponho-os um ao lado do outro: tanto um como o outro se afastam da estrada em que a humanidade, "dona e senhora da natureza", prossegue a sua marcha sempre em frente. (...)".

Se estamos em semana de Estrela, faz sentido pedir a Cura da Humanidade e, mesmo que utopicamente, pedir que se abra a hipótese de os seres humanos se voltarem a casar consigo próprios e com a Natureza a que pertencem e de que não são donos.
                                                 
                                                     À primeira hora de Saturno num dia de Mercúrio

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In important "re"readings, there was a paragraph that got stappled to my skin (and heart) and I haven't been able to sleep since I read it. I remembered the episode of Nitzsche hugging the horse, masterfully described by Milan Kundera (by the way, when I grow up I want to write like Kundera!).
Quoting  "The Unbearable Lightness of Being":"(...) I still have this image of Tereza sitting on a trunk, fondling  Karenine's head while meditating on the failure of humanity. Another image comes to mind: Nietzsche leaving his hotel in Turin. Seeing a horse and a coachman beating it with a whip, Nietzsche went up to the horse and, before the coachman’s very eyes, put his arms around the horse’s neck and burst into tears. That took place in 1889, when Nietzsche, too, had removed himself from the world of people. In other words, it was at the time when his mental illness had just erupted. But for that very reason I feel his gesture has broad implications: Nietzsche was trying to apologize to the horse of Descartes. His lunacy (that is, his final break with mankind) began at the very moment he burst into tears over the horse.

And this is what I like about Nitszche and about Tereza caressing on her lap the head of a dying dog. I put them side by side: both of them are miles away from the road on which humanity, "lord and master of nature," continues its march straight ahead.(...)".

If we are in a week ruled by the Star, it makes perfect sense to ask for the Healing of humankind and ask (even if it is an utopical dream)  to the Universe for a slight chance that allows human beigns to get in touch with them selves and with the Nature that sorrounds us; remembering that we are a small part of it, and not it's "lords and masters".

  On the first hour of Saturn on a Mercury day