sábado, 10 de agosto de 2013

Do fogo primordial às festas populares

Esta época do ano é (re)conhecida pela época das festas. 

Sejam as dos típicos Sto. António, S.João e S. Pedro de caractér mais geral, sejam as festas que por todo o Portugal se espalham durante este "Querido mês de Agosto".

Será puro "acaso"? Não senhor!

Desde os tempos mais antigos que esta época em que nos encontramos reflecte o fascínio que o Fogo exerce sobre o Homem. Se estivermos atentos, percebemos que o fogo se encontra presente em todos os cultos e tradições magico-religiosas, seja sob a forma simbólica de uma fogueira, de uma vela ou pela simples  invocação da cor vermelha.

De facto, um dos maiores feitos na história da Humanidade terá sido a descoberta e o domínio do fogo, elemento primordial para a sobrevivência do Homem. Até tal facto ter acontecido, a nossa espécie encontrava-se permanentemente à mercê das intempéries e a provações da Natureza (frio, escuridão, ataques de animais, etc).

A descoberta de tal "fenómeno", podemos dizê-lo, permitiu "iluminar" o ser humano, a sua consciência, despertando-a!

Pela sua natureza o fogo é o único elemento que não é "deste mundo", o único em que não podemos tocar directamente sem nos magoarmos.

No fundo a leitura da tradição do fogo essencialmente ligada a esta época do ano, celebra a dissipação das trevas da ignorância e que deve ser "alimentada" por cada um de nós, em busca da gnose interior. Disso são exemplos as celebrações como Beltane.

Esta noção de "fogo perpétuo" - enquanto presença divina que anima toda a vida existente - foi reconhecida e celebrada por várias tradições do mundo inteiro, através dos fogos que não deveriam nunca ser apagados, sob pena de graves sanções impostas pelos deuses aos homens. Numa leitura iniciática desta tradição, podemos considerar que o fogo representa a consciência que dissipa as trevas da ignorânica e que deve ser alimentada por cada um de nós, em busca do despertar da gnose interior.

A tradição dos fogos sagrados, apesar de espalhada por várias épocas do ano, concentra-se principalmente nesta época e reflecte  a "camuflagem" dos cultos pagões com tradições católicas. Contudo, a conversão destas celebrações pagãs a celebrações religiosas, portanto exotéricas, não lhes retira o carácter interno, o seu significado mais profundo e iniciático, logo esotérico.

Celebremos assim a (re)novação, a purificação e a morte da ignorância.

- Fonte - Almanaque Pagão Mandrágora

Num dia de Satuno à 3ª hora de Mercúrio

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