É claro que com toda a herança
genética que tenho, e que vem do Alentejo, só podia dar nisto.
O gosto pelas ervas, secas ou frescas,
a curiosidade pelos processos de apanhar o açafão antes do sol raiar, colher o
tomilho, secar a tília, preparar a cidreira, embalar o poejo (Oh meu Deus, o
que eu gosto de poejo!!)… foi algo que,
inconscientemente, me ficou desde a mais tenra idade.
A minha alma vem,
portanto, do campo. Dos semeadores de trigo e cevada, dos plantadores, dos que
colhem debaixo do sol escaldante o cereal dos grandes latifundiários a troco de
quase nada (alguns litros de azeite e farinha, e that’s it), de
calceteiros e ceifeiras, de mondadores que obedecem a capatazes … Das gentes
que sentiam as mudanças das estações, o poder das tempestades, os cheiros do
Estio, os ciclos da Natureza, as subtilezas das mudanças de vento, etc, etc,
etc.
A ideia de que TUDO na Natureza
se aproveita [apesar de para mim na adolescência tal ideia não ter feito nenhum
sentido], hoje, com maior e mais ampla consciência, completa-me. Agora
entendo as minhas raízes e valorizo-as como se nada mais precioso houvesse à face
da terra.
Por isso, e por tantas outras
razões que à medida que o blog for crescendo explicarei, inicio esta rúbrica.
Das ervas!
E começo por falar no Hipericão,
especialmente porque (ainda) é tempo dele. Mas povo, atenção, não confundir o Hipericão
com o Hipericão do Gerês!
O regente Planetar do Hipericão é
o Sol, sendo o seu elemento (obviamente) o fogo, e já vamos perceber melhor
porquê.
O seu nome científico que
referimos antes [ hipericum ] terá origem no grego hyperikon (hyper –
sobre; eikon: imagem), referindo-se à crença antiga de que o
odor desta planta seria devastador para os espíritos maléficos.
Consequentemente, na Idade Média a mesma planta seria chamada, em latim de, Herba
Demonis Fuga… não é necessário tradução, certo?
Claro que nesta época em que se
quis dizimar o culto pagão da Terra e arredores, [em que qualquer pessoa que
conhecesse propriedades de ervas e afins passou a ser rotulada de “bruxo, ou
bruxa”], existem registos de que a esses mesmo “bruxos” lhe enchiam a boca com
esta planta para os forçar à confissão… Não é imagem muito agradável, mas once
again, a raça humana tem destas subtilezas.
Este Hipericão, conhecido também como Erva de São João, é um arbusto caducifólio que existe em quase toda a Europa. A sua floração ocorre entre Abril e Outubro, com particular evidência na altura do Solstício de Verão (onde costumava ser usada para as suas fogueiras para afugentar os espíritos maléficos). Precisamente por esta razão (e pela cor das suas folhas, que são de um profundo amarelo) o Hipericão foi sempre associado ao culto do Sol e à fertilidade!
O seu nome aparece associado a S.
João porque… precisamente, costuma florescer perto do dia deste Santo, e se
espremermos as flores, delas sairá um sumo avermelhado – o sangue de S. João –
com as consequentes propriedades mágicas a ele associadas.
Em termos medicinais desde sempre que esta preciosa
erva é conhecida pelas suas potentes propriedades de combate à ansiedade e
depressão ligeira, parasitas intestinais e para tratamento de feridas.'Bora apanhar ainda o hipericão que conseguirmos nos campos?
[ATENÇÃO: Grávidas e afins, meninas com melasma meninos com sensibilidade ao sol não devem tomar!]
Na última hora de Lua num dia de Marte
Gostei muito de conhecer o seu blogue. Muito bonito e útil. Já o estou a seguir.
ResponderEliminarAbraço
António Rosa
Fico-lhe Muito Grata, António, pelas suas palavras!
ResponderEliminarEu, certamente, continuarei a aprender muito consigo!
Obrigada!